As galinhas vendidas no Mercado do Povo estão sujeitas a más condições de tratamento, dadas as pequenas dimensões das gaiolas onde elas são expostas para os clientes.

As gaiolas têm um metro e meio de comprimento e quase 50 centímetros de altura, com uma capacidade de albergar 30 galinhas, mas o número dos animais dentro das gaiolas duplicas e às vezes triplica a capacidade. Isto faz com que as galinhas fiquem umas em cima das outras e não conseguem se mover, comer nem beber água.

“A gaiola tem capacidade para trinta galinhas, mas as vezes o número excede”, admite Uamusse, vendedeira de galinhas no Mercado do Povo. 

 

O ESTRES.Quando não existe espaço suficiente para o animal se movimentar e se alimentar como deve ser, desenvolve  o estres e a desnutrição, o que permite que a carne perca proteínas que são importantes para o consumidor. 

Uamusse explica que ela e seus colegas não são criadoras de galinhas. Adquirem as aves nos criadores e trazem de carro para revenderem.

Encontramo-la de manhã no seu local de trabalho, chamando os clientes para comprarem as galinhas que estavam dentro da sua gaiola.

“Há casos em que o negócio não corre bem e algumas galinhas adoecem e morrem”, disse.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MOÇAMBIQUE SEM REGRAS. Noutros países como, Portugal, existem regras que estabelecem as normas mínimas de protecção dos animais, incluindo os frangos, e se considera delito causar dor ou sofrimento desnecessário aos animais.

O proprietário ou detentor dos animais devem tomar medidas necessárias para garantir o bem-estar deles, assegurar que não cause qualquer dor, sofrimento ou ferimento desnecessários, e evitar que causem danos a pessoas.

No que concerne a gaiolas, as normas determinam que nas não melhoradas ou convencionais, cada galinha deve dispor de, pelo menos, 550 cm2 de superfície de gaiola, as gaiolas devem ter uma altura mínima de 40 cm.

Em Moçambique não há regras que para o tratamento e bem-estar dos animais.

Luísa António vende frangos no Mercado desde 1987. Adquire 100 galinhas em forma de empréstimo, por 130 meticais cada, nos proprietários dos aviários, na Matola ou Boane, e revende o animal por 140 meticais.

“Quando o negócio não corre bem acabo uma semana com as mesmas galinhas. Quando há movimento fico com as galinhas dois ou três dias”, disse Luísa António.

“As galinhas às vezes ficam doentes, perdem forças e nos dias em que faz muito calor os animais não aguentam e morrem”, explica.

 

A GRIPE AVIARIA. Luísa António opina que as gaiolas têm espaço suficiente para as galinhas ficarem a vontade, além de que a medida que as gaiolas são esvaziadas fica mais espaço.

“Em termos de cuidados damos os mínimos para elas viverem, têm água e ração”, explicou.

António já ouviu falar da gripe aviária, causada por  H5N1, vírus hospedado em aves, mas que pode infectar o ser humano. No momento, a transmissão se dá das aves para as pessoas e mata.

“A gripe aviária prejudica a saúde do ser humano, causando morte, mas aqui no mercado acho que ainda não chegou, porque muitos de nós já teríamos morrido”, disse.

A vendeira admite que nos dias em que faz muito calor e os animais não aguentam morrem.

“Havia uma regra aqui no Mercado que proibia o abate dos frangos, mas, a mesma não foi posta em prática durante muito tempo”, lembrou.

Olhando ao redor, vêem-se bacias de água de sangue com tripas de galinhas e frangos mortos amontoados nas bacias, e gaiolas perfiladas de galinhas sem espaço para se moverem.

 

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