MERCADO DO POVO
RADIOGRAFIA: A SAÚDE NO MERCADO
O Mercado do Povo, tal como outros, enfrenta problemas de saneamento, apesar de estar próximo do Conselho Municipal, entidade responsável pela gestão dos mercados de Maputo.
Riscos
No mesmo espaço onde degola-se as galinhas, vende-se carvão vegetal e prepara-se saladas. Os degoladores de frangos não usam luvas quando metem as mãos na bacia de sangue e tripas, nem separam o lixo, usando o único balde para por tripas, sangue e penas.
Os vendedores de carvão e de frangos e os degoladores passam refeições no local, lado a lado com sangue e moscas. Mesmo cientes dos problemas, dizem que não tem alternativas. Os responsáveis do mercado conhecem a realidade e limitam-se a fazer uma vista grossa.
A aglomeração de pessoas, animais e lixo poderia facilitar a eclosão de epidemias como a cólera, malária e diarreias, ou a transmissão rápida da gripe aviaria entre as gaiolas de frangos.
Carvão
O fumo da cozinha e o pó do carvão vendido à mistura pode criar problemas respiratórios, irritação da vista e da pele. Algumas mães trabalham com bebés no colo, a respirar a fumaça.
O uso de fogões melhorados poupa carvão e reduz o fumo, mas as cozinheiras preferem os fogões metálicos porque são rápidos e já estão acostumadas a eles.
As cozinheiras expoem-se a fumaça durante 15 horas ou mais por semana. Estão cientes dos riscos mas dizem não ter alternativas. Outro ganho com os fogões melhorados seria a redução da quantidade de carvão usado, o que ajudaria a controlar a deflorestação.
Caos
Nos dias chuvosos o cenário é dramático: chove tanto dentro do mercado como fora. A lama e o sangue à mistura tornam o local impróprio para se estar.
O espaço é apertado para todas àquelas actividades. As cozinheiras preparam saladas, lavam o tomate e pilam o alho no mesmo espaço partilhado pelos degoladores e vendedeiras de carvão. É deste local com confusão onde sai a comida. Quem passa do local pela primeira vez sente arrepios, mas para os vendedores o ambiente é normal. Uma coisa é certa: faça chuva ou sol, há gente que trabalha, e estão de bom humor!
António Uqueio