MERCADO DO POVO
Saiba como actuam as células da Frelimo
A Frelimo, partido no poder em Moçambique, é famosa por instalar células nas instituições do estado para garantir que os funcionários adiram ao partido.
O mesmo acontece em outras áreas de actividade como os mercados.
No Mercado do Povo, a Frelimo tem sete células através das quais procura agregar mais membros, bem como manter os já existentes.
“Aqui circulam pessoas a procurarem saber se temos ou não cartões do partido”, conta uma vendedeira que não quis ser identificada. “A maioria é da Frelimo, nós que não temos cartões somos vistos como inimigos e isolados”.
As células trabalham em paralelo com a organização da Juventude Moçambicana (OJM) e a Organização da Mulher Moçambicana (OMM), braços do partido no poder instalados no local.
Segundo pessoas ligadas ao partido naquele mercado, brevemente vai criar-se um núcleo da Frelimo.
Dificuldades para a oposição
Em períodos de campanha eleitoral, as células dificultam o trabalho dos partidos da oposição com a ajuda da direcção do mercado.
Lutero Simango, director de propaganda eleitoral do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) nas eleições de 2009, conta as dificuldades enfrentadas: “Sempre há uma resistência, aparece o tal dito chefe do mercado a dizer que vocês não estão autorizados”.
Lutero Simango entende que “o mercado é um bem comum e todos devem ter acesso independentemente da cor partidária”.
A situação vivida nos mercados, como o do Povo, “não pode ser vista de forma isolada”, disse Simango. “O partido no poder procura controlar o estado, violando todas as regras e princípios básicos de um estado de direito democrático”.
No dia 20 de Novembro próximo haverá no país eleições autárquicas em 53 municípios, entre eles, Maputo.
André Mulungo