top of page

 

 

A história do mercado

​Celeste narra que a criação do Mercado do Povo, nos primeiros anos da independência, foi uma acção estratégica do Presidente Samora Machel. Na altura, a Câmara Municipal de Maputo era dirigida por Alberto Massavanyane.

O mercado onde se vendiam todos os tipos de produtos funcionava no Nwalanga – nas proximidades do monumento Vitória, próximo à icónica estação  dos caminhos-de-ferro de Maputo.

Celeste mede a evolução do mercado em função dos stands comerciais utilizados ao longo dos anos: "Primeiramente vendíamos nas bancas,  eminentemente no chão, depois passamos para as barracas. Agora temos estes pequenos quiosques melhorados”.​

 

“A urbanização foi terrível”

Na sua mercearia no Mercado do Povo, Celeste Rafael Simango, 53 anos, vende desde produtos alimentícios e medicinais até os vestuários. Temperos, muringas, farinha, aventais, saias, capulanas se acumulam na pequena barraca.



Vista de longe, sem um plano de saúde, sem acesso ao micro crédito bancário para os seus negócios, todos os dias a enfrentar a falta de transporte publico que caracteriza Maputo, dir-se-ia que Celeste está a ser excluída pela urbe  a quem serve há 36 anos.

Desengane-se, então, quem assim pensar. Ainda que o 10 porcento das taxas do mercado colectado pelo Conselho Municipal de Maputo que lhe é restituído para enfrentar às situações de crise, como doença e morte, não sejam suficientes, a vendedeira pouco queixa-se.

Nasceu a 28 de Novembro de 1959 na cidade de Lourenço Marques, actual Maputo. Até aos 16 anos, altura em que retornou à capital, viveu na província de Inhambane.

 

Militante

Celeste é membro do partido Frelimo desde 1977, mas já em 1975, ainda em Inhambane, participava na Organização da Juventude Moçambicana.

Aderiu à Organização da Mulher Moçambicana (OMM) em 1992, ano da assinatura dos Acordos Gerais de Paz entre o Governo e a Renamo, pondo fim à guerra dos 16 anos.

“Unidade, trabalho, vigilância”, recorda-se das palavras de ordem que orientavam os discursos e acções das três organizações. 

Recentemente recebeu do Governo moçambicano – no contexto da estratégia de combate à pobreza urbana – cem mil meticais.

“Ainda estou a investir o dinheiro. Comecei pela remodelação do meu quiosque, diversificando os produtos”, comenta feliz e orgulhosa, ao mesmo tempo que revela as razões da sua forte adesão a Frelimo.





Vida urbana

Quando se recorda da sua transição da zona rural de Inhambane para a cidade, a vendedeira – mãe de um filho de 33 anos – não se regozija.

E não lhe faltam argumentos:“A urbanidade acompanhou a nossa evolução de forma terrível. Tínhamos de imitar a maneira de viver dos colonos, porque não sabíamos viver na cidade – o que foi difícil”.

Hoje, Celeste Simango está habituada à dinâmica da vida urbana.

                                              Texto e foto da Celeste:

                                                              Inocêncio Albino/Benilde Matsinhe

bottom of page