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Use a capulana... 

Escute o poema aqui

Se por qualquer motivo 

no roldão da indefinição de um dia 

gente do além-mar ousar alienar-te 

 

Se nesse dia 

se ignorar que em qualquer relação humana

existem pessoas com os seus desejos 

necessidades temperamentos tradições e culturas 

 

Então minha irmã 

se nesse dia as coisas ocorrerem efectivamente 

como os deuses da tua terra vaticinam 

use a capulana irmã 

e não permite que te menosprezem

 

Esfrega nos seus olhos que para ti

a capulana que usas – extraída do algodão 

que brota na tua terra e transformada em vida - 

representa a globalidade do teu

território vivo dinâmico complexo e singular 

 

Se eles não te compreenderem 

irmã não desiste

 

Explica-lhes que antes de transformarem a tua terra

neste percurso diagonal da vida 

gente houve que soube dialogar com o teu povo

e planear a vossa relação

 

Reitere isto irmã 

 

Gente houve que soube estabelecer vínculos

com o teu povo 

compreendendo os seus valores

e as suas experiências de vida

 

respeitando os seus direitos de cidadãos desta terra

como fundamento para a promoção da dignidade 

da independência e da força para a edificação

da tua prometida nação 

 

E disto assegure-lhes irmã 


Ao longo deste percurso diagonal da vida

as mãos dos teus irmãos moçambicanos

confeccionaram a capulana que usas

 

Estas mesmas mãos

dos teus irmãos moçambicanos 

são capazes de trazer o futuro e a vida que anseias

mas antes use a capulana irmã

 

 

 

 

Inocêncio Albino

 

 

 

 

 

 

 

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