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​Jovens da paróquia de São Joaquim, no bairro de Munhuana, Maputo, preparam-se para caminhar 76 kms
Para além da fé, o treino físico é fundamental para chegar ao destino
"Convido os jovens para uma caminhada na qual vamos orar pela paz e redução  da pobreza no país"
Nas paragens, massagens e bálsamo para aliviar o cansaço

Peregrinação tem sentido quando se vai a pé

Sete jovens da paróquia de São Joaquim, no bairro da Munhuana, na cidade de Maputo, rumaram na passada sexta-feira ao Santuário da Nossa Senhora de Fátima de Namaacha a pé.​

 

De sapatilhas, chinelos, botas, pastas nas costas e terços nas mãos, os jovens dizem que este constitui o melhor momento de diálogo com a Virgem para colocarem as suas súplicas e renovarem a fé.

​Henriques Cossa, de 33 anos, já foi ao santuário por nove vezes, das quais cinco foi a pé. Sente-se mais realizado quando vai a pé, pois durante a caminhada entra em contacto profundo com a Virgem de Fátima e vive novas experiencias de fé com os irmãos das outras paróquias com os quais se cruza pelo caminho.

Em 1999 foi o primeiro ano que Cossa foi a pé mas desistiu no meio da caminhada por falta de preparação física.  ​“Isto me criou rancor para que começasse a preparar fisicamente o mais cedo possível para que ano seguinte retomasse a jornada,” disse.​

Nos dois anos seguintes, conseguiu chegar ao destino a pé. Privilegiou sapatilhas para facilitar a caminhada, bálsamo para aliviar o cansaço, pasta de costas com farnel, termo, o livro Oremos e o terço na mão para rezar.​

De 2008 a 2012 observou um intervalo e este ano retoma a peregrinação a pé. No ano passado esteve doente cerca de três meses e uma vez recuperado quer agradecer a Deus, e de modo particular a Virgem que ouviu a suas súplicas.​​

 

Preparação da viagem

O grupo dos peregrinos sai de carro da paróquia de São Joaquim até Matola Rio. Ai começa a derradeira caminhada que chega a durar cerca de 10 horas até ao Santuário, distante 70 quilómetros.

Há uma paragem obrigatória na paróquia de Boane, perto da Matola Rio, onde faz-se o registo dos peregrinos.  De lá para frente, o número de paragens porque depende da condição física do grupo.

Aponta que no máximo há cerca de cinco paragens antes de Namaacha, nas quais é obrigatório aplicar bálsamo para aliviar o cansaço.​Antes do grupo partir há encontros de preparação onde partilham experiências com os estreantes e criam condições logísticas e kits de primeiros socorros.​

Dos cinco anos que escalou o santuário a pé, diz que a cada ano registam-se melhoria no apoio logístico e primeiros socorros. Nos primeiros dois, o grupo teve de improvisar uma fogueira a beira da estrada; usando latas de refrigerantes fizeram chá para aliviarem o frio.



Invejava os que caminham a pé 



Este ano, Ashimin Francisco, 21 anos, é o estreante na caminhada rumo ao santuário.​Ashimin já foi duas vezes de carro mas sentia inveja dos que vão a pé. Assim foi estabelecendo contacto com os veteranos para lhe transmitirem experiência.

​“Falei com três jovens que me aconselharam a treinar constantemente, e no dia da caminhada levar chinelos, sapatilhas e bálsamo para poder caminhar e não contorcer-me de dores”, explicou.​

Acrescenta que desde há muito que queria encarnar o verdadeiro significado do 13 de Maio, estar a sós para dialogar com a Virgem.

O sacrifício compensa

 

Para Ernesto Cumbane, 27 anos, é a terceira vez que viaja a pé: “Tudo começou em 2011, era desempregado, e a minha mãe me disse que todo sacrifício tem a respectiva recompensa”.

Achou que o melhor sacrifício que podia fazer era peregrinar até ao santuário:“Durante a caminhada pedi a nossa senhora para que me ajudasse a encontrar o emprego e em cinco meses sai do desemprego”.

​Cumbane tinha mais um motivo para caminhar novamente e agradecer, mas sentia falta de uma parceira que conseguisse o entender. A caminhada seguinte foi dominada por essa súplica. Como resultado, nos princípios deste ano contraiu matrimónio.

​Agora vai para agradecer todas as maravilhas que a Virgem faz em sua vida.​Trajado de botas, macacão, camiseta, pasta contendo mantimentos e casaco para evitar o frio durante a madrugada, Cumbane sente-se a vontade para alcançar o destino.

​O seu maior desejo é partilhar esta experiência, cheia de bênçãos, com os irmãos cristãos e, convida-los para uma caminhada na qual vão orar pela paz e redução da pobreza no nosso país.

 

                                                                                                                            Argunaldo Nhampossa

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