Peregrinação à Namaacha 2013
História do santuário
A fundação da Missão de Nossa Senhora de Fátima de Namaacha data de 25 de Junho de 1918, sob o título de S. Luís Gonzaga.
Inicia a sua actividade em 1937, embora as missas eram celebradas no ginásio do Instituto João de Deus, da Assistência Política, hoje em ruínas.
Em 1942 tem lugar o lançamento e bênção da primeira pedra a 13 de Maio. A nova igreja, actual Santuário, foi inaugurada a 29 de Agosto de 1944, pelo cardeal patriarca de Lisboa, dom Manuel Gonçalves Cereja, legado do papa.
O santuário tem o nome de Nossa Senhora de Fátima porque foi inaugurado em sua honra em 1944 quando Portugal estava a celebrar as bodas de prata das aparições da Cova de Iria, em Fátima.
Nos dias 12 e 13 de agosto de 1967, no jubilar cinquentenário das aparições na Cova da Iria, em sintonia com a presença do Papa em Portugal, realizou-se a primeira peregrinação de todo sul de Moçambique ao Santuário da Namaacha. No domingo, o arcebispo Custódio Alvin Pereira inaugura o monumento.
O primeiro baptismo foi oficiado pelo padre Abílio de Carvalho em 1938. Apenas em 1943 aparecem neófitos com nomes africanos. O primeiro sacramento de matrimónio foi realizado em 1945. Em 1946 surgem os primeiros casamentos entre africanos.
Impacto da independência na religião
Na manhã de 24 de Julho de 1975, após o discurso do presidente da República de Moçambique, Samora Machel, que declarava nacionalizados o ensino e saúde, os residentes do seminário de e das casas religiosas de Namaacha ficaram admirados ao encontrar soldados armados em redor das casas, fiscalizando sob ameaças das armas, tudo que saia e entrava.
Todas as casas religiosas de Namaacha foram revistadas por brigadas partidárias que fizeram inventário forçado de todo o material. Desde o cofre ao sacrário, tudo passava a ser propriedade do Estado, a partir de agora confiado à responsabilidade dos ocupantes.
1974: 100 baptismos
1977: 2 baptismos
1975: 33 crismas
1979: 8 crismas
1981: 1 baptismo
1991: 52 baptismos
Em 1975, o pároco foi intimidado a fazer desaparecer das faces da torre da igreja as cinco quinas de pedra, não valendo a explicação de que elas simbolizam as chagas de Cristo e não a bandeira de Portugal.
Tempos depois, o administrador local convocou o pároco, comunicando-lhe que devia retirar sem demora da via pública as cruzes “para não ofender a outras religiões”, e descer a estátua do jardim público em frente a igreja, “porque não tinha sido guerrilheira da luta armada”.
A estátua foi descida do pedestal. Os católicos foram recolhe-la do chão e guardaram num nicho debaixo da torre da igreja. Apesar dos cuidados, a retirada estragou o nariz e os dedos da mão direita.
Instituições religiosas nacionalizadas
Com a nacionalização de seminários e das missões, muitos missionários estrangeiros ficaram sem local de trabalho e impossibilitados de o procurarem.
Com o encerramento do seminário, os padres Vicentinos foram-se. A vida cristã na paróquia foi diminuindo. Reduzido o número de cristãos praticantes, passou a haver apenas uma missa dominical e uma missa vespertina no sábado.
A assistência às comunidades das antigas escolas também reduziu por falta de local de reuniões para a oração, ocupação das capelas por parte do partido, falta de padre na paróquia e perigos de insegurança da guerrilha.
Em 1983, Ano Santo da Redenção, os bispos de Moçambique vieram ao Santuário de Namaacha em peregrinação nacional. No momento de saída da procissão de velas, surgem à porta do templo alguns membros da Frelimo avisando que o partido não dava licença de rezar fora da igreja. Fez-se a procissão só por volta do Santuário, sem sair dos terrenos da igreja. E assim se procedeu pelos anos seguintes, ate o fim da guerra civil, a chegada da democracia e o pluralismo político e religioso em 1992.
A estátua ficou na igreja por 17 anos ate 1993 quando, por permissão escrita do administrador, os católicos levantaram a estátua para o seu antigo pedestal.
Desde 1999, a paróquia e o santuário são geridos pelos padres missionários da Mariannhill. Aumenta o número de sacramentos de matrimónio e crismas; muita gente voltou às suas práticas de fé. A peregrinação anual reafirma a vocação de paz espiritual de Namaacha.
Fonte: Anuário da Arquidiocese de Maputo, 1950; Jubileu do Santuário Nossa Senhora de Fátima da Namaacha, 2004