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“Vim fazer dinheiro aqui”

Em relação aos stands que vendiam os signos da Igreja Católica – terços, fotos papais, camisetas, chaveiros e canetas entre outros brindes – os organizadores evitam usar o termo feira religiosa.

Texto: Inocencio Albino Fotos: Mercedes Sayagues

“Seja como for, estou feliz com o facto de, ano após ano, o número de crentes crescer”

“Está-se diante de um arranjo que a Igreja encontrou para colocar determinados recursos à disposição dos crentes”, disse um dirigente religioso.

 

A arrumação não escuda a componente económica da peregrinação. Para a pacata vila de Namaacha, esta e uma ocasião única de fazer negócios: hotéis completos, quartos em casas privadas alugados a mil meticais por noite, venda de bebidas e comidas.



Dez anos de negócio



Há dez anos que a vendedeira Maria dos Anjos reserva os dias da peregrinação para fazer negócio.

 

Conhecemos ela na área reservada a venda de comidas. Ocupada a assar frangos, cozinhar xima numa panela gigantesca, e preparar arroz e salada de alface, Maria dos Anjos tem um objectivo é claro: “Vim fazer dinheiro aqui”.

 

Com 44 anos, católica, casada e mãe de três filhos já grandes, fabrica e comercializa mobília na sua casa.

 

"Tem sido uma boa experiência, ainda que muitas vezes cansativa”, conta.Nos primeiros anos, o negócio era muito rentável porque, contrariamente ao que tem sucedido nos últimos três anos, as pessoas não traziam comida própria.

Hoje, sábado, o negócio está mau. Nos outros anos, até ao meio dia, parte significante dos 200 frangos que ela trouxe teria sido consumida. À noite a demanda é sempre menor porque as pessoas vão à procissão.

 

Dado que no recinto da paróquia não se aceitam bebidas alcoólicas, os jovens que querem beber ficam muito distante, o que não é bom para o negócio.“Seja como for, estou feliz com o facto de, ano após ano, o número de crentes crescer”, conclui.

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