Peregrinação à Namaacha 2013
Arautos do Evangelho: uma actuação além da música
Arautos em concerto de louvor em Namaacha
Na peregrinação este ano ao Santuário da Virgem de Fátima em Namaacha, conhecemos um grupo de artistas que explora o teatro e a música para, de forma lúdica, para atrair a juventude a Deus. O grupo nasceu no Brasil em 2001, e está espalhado em 78 países. São jovens e chamam-se Arautos do Evangelho. No nosso país, são 16 e vivem no bairro de Nkobe.
Texto: Inocêncio Albino Fotos: Inocencio Albino e Benilde Matsinhe
“A Nossa Senhora de Fátima, quando apareceu em 1917, trouxe uma mensagem sobre os dias actuais que nós difundimos”
Apreciados por um descrente amante das artes, a utilizarem instrumentos musicais como a lira, o batuque, a flauta e o trompete com alguma mestria, os Arautos do Evangelho não diferem de uma colectividade artística.
Vestem túnicas especiais – compostas pelo castanho, creme e o vermelho, bem como uma cruz, no centro, contendo as últimas duas cores – que os distinguem dos demais crentes. Ainda que jovens, têm restrições que os tornam especiais quando comparados com pessoas da sua idade.
Na cintura usam uma corrente prateada que se confunde com um cinto combinada com o terço. No entanto, com alguma minúcia, é possível ver na sua vestimenta signos que representam a Nossa Senhora de Fátima e o Papa. Usam botas pretas e largas. São firmes e decididos em relação à obra que cumprem.
“Praticam o celibato, e dedicam-se integralmente ao apostolado, vivendo em casas destinadas especificamente a rapazes ou a moças, os quais alternam a vida de recolhimento, estudo e oração com actividades de evangelização nas dioceses e paróquias, dando especial ênfase à formação da juventude”, explica-se na sua página oficial da internet.
Em 2001, ano da sua criação pelo brasileiro Monsenhor João Clá Dias, os Arautos do Evangelho foram aprovados pelo Papa João Paulo II e pelo Papa Bento XVI em 2007.
“Temos como carisma evangelizar através do belo, levando as pessoas à adoração da Nossa Senhora de Fátima, à devoção da Eucaristia e ao Papa”, explica o arauto Alexandre Schurg que acrescenta que “auxiliamos os jovens, sobretudo os que procuram um rumo na vida”.
A par dos 16, em Moçambique existe um grupo de 20 jovens em experiência vocacional. O primeiro arauto moçambicano tornou-se diácono no 26 de Abril último.
Associando-se todos os critérios da Igreja Católica, os estudos filosóficos e teológicos (parte dos quais é ministrada em São Paulo, na Escola de Formação de Arautos) são indispensáveis para quem quiser tornar-se membro do grupo.
Arautos em concerto de louvor em Namaacha.
Arautos em concerto de louvor em Namaacha.
“A Nossa Senhora de Fátima, quando apareceu em 1917, trouxe uma mensagem sobre os dias actuais que nós difundimos”, afirma o arauto Schurg recém-chegado no país do Brasil que em relação à peregrinação a Namaacha comenta: “Estou maravilhado com o que vi. Todo o trabalho que se refere à devoção da Nossa Senhora de Fátima tem evoluído porque ela é uma mãe que conforta e auxilia a quem experimenta dificuldades na vida”.
Era impossível não cantar – ou, no mínimo, murmurar para quem não conhece – aquelas canções, entoadas em línguas locais moçambicanas sob a produção sonora dos anunciadores do evangelho, os arautos. As suas actividades decorrem nas paróquias, “em procissões, nas escolas incluindo outras partes das comunidades onde ministramos cursos de teatro a fim de difundir a mensagem de Deus”, refere Schurg.
Preocupados em introduzir instrumentos locais como a timbila, os Arautos aprendem a tocar esta ferramenta musical considerada património histórico da humanidade. As suas actuações, verdadeiros concertos, são um momento de devoção a Deus.
“Temos como carisma evangelizar através do belo, levando as pessoas à adoração da Nossa Senhora de Fátima, à devoção da Eucaristia e ao Papa”