Peregrinação à Namaacha 2013
“Ainda não senti o chamamento para ser freira”
Na sexta-feira 11 de Maio, a jornalista Nélcia Tovela, 21 anos, preteriu a escola e o trabalho para peregrinar à Paróquia da Nossa Senhora de Fátima de Namaacha: “Queria provar a mim mesma até onde acredito em Deus”. Dos 80 quilómetros, Nélcia percorreu um pouco mais de 70 até que, destruída pelo cansaço, implorou por apoio e apanhou uma boleia. Congratula-se com a meta alcançada, assegurando-se de que em 2014 irá triunfar. “Desde 2012 planeio peregrinar, mas por causa de problemas de saúde, não pude.
A pretensão moveu-me a preparar-me no início de 2013. Orei a Deus para que me desse força. Deus aumentou a minha fé. Ganhei confiança de que a minha decisão estava certa e que iria fazer todo o percurso a pé, o que não aconteceu. Não obstante, foi uma boa experiência porque, espiritualmente, me sinto bem.
A par de outros elementos do grupo juvenil da Paróquia da Nossa Senhora de Laulane, parti às 8 horas. Mas, ao longo da jornada, percebemos que os nossos passos não eram os mesmos. Por isso, dispersámo-nos.
Tive quatro paragens para descansar: uma em Boane, onde tomei sopa, outra no cruzamento de Goba, uma em Mandevo, e a ultima no Controlo Policial, a 30 minutos a pé da Paróquia de Namaacha, onde por causa do cansaço, apanhei o carro de apoio. Já não dava mais.
Não me sinto frustrada. Compreendi que a peregrinação não é uma simples maratona, é uma expressão de caridade.
Assim que eu sentisse que precisava de descansar fazia-o, da mesma forma que prestei apoio aos outros.
Ao longo da caminhada, nós rezámos o terço e entoámos as canções ligadas à Maria – o que nos fortifica mais – pois se apenas andássemos por andar, rapidamente ficaríamos stressados e agastados.
Os peregrinos fazem vários pedidos mas os essenciais não são necessariamente os materiais. Queremos que haja mudanças no sentido espiritual na vida.
Fiz um percurso tranquilo porque só havia peregrinos. De vez em quando passavam os carros de apoio, mas faltou-nos água. O mais difícil foi dormir no chão da igreja na sexta-feira a noite. Passei muito frio.
O percurso é muito sofrido, mas na vida, tudo, incluindo o bem-estar, depende da motivação e da força espiritual. De qualquer modo, ainda não senti o chamamento para ser freira.
Sacrifiquei um dia de aulas e de trabalho para peregrinar porque queria demonstrar a minha fé. No próximo ano vou chegar ao Santuário da Maria”.
Texto: Inocencio Albino Fotos: Benilde Matsinhe e Mercedes Sayagues