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Namaacha: uma fé que ultrapassa montes

Numa altura de apogeu do evangelismo em Moçambique e no mundo inteiro, a pequena vila de Namaacha, que dista 76km de Maputo, mantém a crença católica.
Uma vez por ano recebe milhares de cristãos devotos a Nossa Senhora de Fátima.

Texto/fotos: Benilde Matsinhe e Mercedes Sayagues  

“As pessoas da vila, mesmo aquelas que professam outras crenças religiosas, envolvem-se nas comemorações e ajudam na organização  e recepção dos peregrinos”

Quando em 1942 os católicos comemoravam 25 anos do aparecimento da Virgem de Fátima, em Namaacha lançava-se a primeira pedra para a construção do santuário. Daí em diante, a peregrinação tornou-se parte da história desta tranquila cidade.


Segundo a Freira Isabel, uma das mais antigas irmãs que já viveu aqui, no tempo colonial a peregrinação era feita fervorosamente pelos colonos portugueses.  Apesar de ainda tímida, alguns cristão moçambicanos assimilados também participavam nos cultos, embora que muito timidamente.


Com a guerra colonial e posteriormente com a civil (1976-1992), notou-se uma redução na participação de fiéis, uma vez que torna-se pouco seguro caminhar quilómetros numa altura de guerra e desequilíbrio político. Durante anos a peregrinação foi anulada para salvaguardar a segurança dos fiéis.


Existem em Namaacha  nove casas religiosas, 15 comunidades cristãs e muitos praticantes do catolicismo. Só na  peregrinação de Maio, em devoção a Fátima, participam pessoas de Maputo, Xai-Xai e Swazilândia.


“As pessoas da vila, mesmo aquelas que professam outras crenças religiosas, se envolvem nas comemorações e ajudam na organização  e recepção dos peregrinos”, explicou o padre Abidon Joseph Kabwe, pároco daquela congregação. “Por isso, pode-se sim considerar esta vila como católica”.

A Igreja Católica calcula que participam anualmente mais de dez mil crentes vindos de diversos lugares. Com a actual estabilidade social e política do país, vêm- se notando um aumento progressivo de peregrinos de variadas faixas etárias.

Este ano, foi considerado pela Igreja Católica como o ano da fé. Foi esse mesmo sentimento que moveu as pessoas debaixo de nevoeiro e chuva a professarem a sua devoção por Fátima e acima de tudo,  a certeza de que os seus desejos vão ser realizados.

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